Primeiro café agroflorestal orgânico produzido na Amazônia se prepara para escalar a produção

Rodada inovadora de investimentos impulsiona produção do café aliada a créditos de carbono

Abril, 2022 - Idesam, Amazônia Agroflorestal, Mirova Natural Capital e Axcell formalizaram uma parceria que garantiu a captação de investimentos de R$ 11 milhões para expandir a produção do Café Apuí Agroflorestal de modo sustentável, com previsão de devolução do investimento em créditos de carbono.

Com a injeção de capital, realizada junto à empresa Amazônia Agroflorestal em parceria com o Idesam, serão incluídas mais de 300 famílias no cultivo do café no município de Apuí, no sul do Amazonas, um dos mais pressionados pelo desmatamento no estado.

Os investimentos na empresa – incubada pelo Idesam e hoje um negócio de impacto criado para buscar mercados para o café - vão permitir escalonar o modelo de negócios com expansão das áreas de agroflorestas plantadas, aumento do número de famílias beneficiadas e melhoria da qualidade do café. Será possível expandir a produção para mais de 600 hectares ao longo dos próximos 10 anos.

“Receber investimentos desse porte é motivo de grande felicidade para nós e mostra a seriedade de todo o trabalho feito em Apuí. Nossa missão é alavancar a produção agroflorestal no Amazonas e acompanhar o recebimento desses aportes tornam esse sonho realidade. Será possível investir em novos maquinários e capacitações para aumentar o mix de produtos e atingir novos mercados, como mercado exterior em café verde, entre outras melhorias”, comemora Jonatas Machado, diretor comercial da Amazônia Agroflorestal.

Em volume de produção, isso pode representar um salto para mais de 12 mil sacas de café agroflorestal por ano – um crescimento superior a 5.000% em comparação à produção de 2021, que foi de 231 sacas. O investimento traz também a possibilidade de ampliar o mix de produtos e atingir novos mercados com o fortalecimento da presença no e-commerce.

“Um dos maiores desafios do Idesam é viabilizar a continuidade e expansão de projetos que demonstram viabilidade técnica e econômica, mas não conseguem acessar capital e investimentos para ganho de escala. Conseguir atrair o aporte de investidores privados como a Mirova e Axcell é a comprovação de que estamos no caminho, e esperamos que outras organizações possam seguir a mesma trajetória”, explica Mariano Cenamo, diretor de Novos Negócios do Idesam.

Escala do negócio -  A rodada de investimentos foi liderada pela empresa Mirova Natural Capital, responsável pela gestão do Amazon Biodiversity Fund (ABF), fundo privado de investimento de impacto lançado em 2019 e administrado pela gestora brasileira Vox Capital. 

Desenhado em parceria com a USAID/Brasil e Aliança Biodiversity e CIAT,  está registrado como um Fundo de Investimento e Participações (FIP), com vigência de 11 anos e previsão de captar até R$ 300 milhões no período. Os gestores do fundo já estruturaram 4 negócios e outros 20 estão em desenvolvimento.

“Estamos muito felizes de conseguir investir neste projeto icônico e de alto impacto. Este projeto trará conhecimento aos pequenos produtores numa região importante para o desenvolvimento da bioeconomia da Amazônia, e vai conectá-los aos mercados de café e serviços ambientais. O potencial do projeto é enorme, fortalecido pelo grupo de sócios e parceiros de ampla experiência no Amazonas”, Nick Oakes, diretor de Investimentos do fundo ABF.

A outra investidora, Axcell, é uma aceleradora de impacto recém-criada, com foco em negócios de impacto da Amazônia, sediada em Manaus. “O aporte no Café Apuí é parte da nossa estratégia de investir em empreendimentos sustentáveis e de impacto, que fortaleçam todo o ecossistema da cadeia produtiva no Amazonas, estando a empresa com ótima governança e maturidade”, destaca Átila Denys, investidor-anjo em negócios de impacto e acionista da Axcell.

O contrato com as investidoras está baseado no retorno em créditos de carbono, o que beneficiará também os produtores de café, que terão retorno pela atividade de conservação que promovem nas áreas de floresta de suas propriedades.

O projeto de carbono ainda está em fase de desenvolvimento, e os termos para repartição de benefícios por serviços ambientais ainda não foram firmados com os produtores, mas a expectativa é de haja ainda mais desenvolvimento econômico e conservação florestal incentivada pelos créditos de carbono gerados pelo projeto.

“É um arranjo bastante inovador, e que para além de ser uma solução interessante, reconhece o papel que os produtores têm na conservação de florestas. O Idesam, como parceiro técnico do projeto de carbono, está muito satisfeito em poder trazer ainda mais incentivos aos seus parceiros no campo”, explica Victoria Bastos, coordenadora de Mudanças Climáticas do Idesam.

Outros contratos - Desde seu lançamento, o ABF contemplou outros três negócios com foco na Amazônia.  No final do ano passado, o fundo fechou contrato com a empresa INOCAS Soluções em Meio Ambiente, que aplica um novo conceito no aproveitamento de pastagens por pequenos produtores. O objetivo é plantar 5.000 hectares de macaúba em sistema agrossilvipastoril, intercalando com a produção de culturas anuais e de gado.

Em abril de 2021, o ABF assinou os dois primeiros contratos para capital de longo prazo com impacto positivo para a biodiversidade. Um deles foi com a Manioca, empresa que promove produtos alimentícios da Amazônia, e o outro com a Horta da Terra, produtora de plantas alimentícias não convencionais (chamadas de PANCs) desidratadas.

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