Comunidades guardiãs criam oportunidades de aprendizagem

Equipes da USAID e da PPA se encontram com parceiros - Fotos: PPA
Equipes da USAID e da PPA visitam iniciativas das cadeias do chocolate e da borracha

Janeiro, 2024 – Ouvir as comunidades. Aprender com as pessoas que vivem na floresta e dela cuidam. Criar uma relação de confiança. Esse foi o espírito da visita que USAID e Plataforma Parceiros pela Amazônia (PPA) fizeram a iniciativas desenvolvidas no estado do Amazonas. 

Além de conhecer negócios de impacto positivo que estão sendo impulsionados na Amazônia, o grupo deu voz a seringueiros, extrativistas, produtores locais e representantes de comunidades tradicionais que moram na floresta.

As equipes visitaram a fábrica do Na Floresta (produtora do chocolate Na'kau), onde puderam acompanhar a produção e dialogar sobre a cadeia produtiva do cacau nativo e do chocolate. Para conhecer o "início" da cadeia, estiveram na produção de cacau selvagem amazônico de Maria Lúcia de Araújo França, conhecida como "Dona" Lúcia, na Comunidade Verdum, no município de Manicoré. Ela fornece matéria-prima para a Na'kau e tem conseguido aumentar a renda da família com seu trabalho, que contribui com a conservação da Amazônia e sua biodiversidade.

“O cacau é uma fonte de renda muito forte para a comunidade, principalmente para as mulheres, que mais trabalham com o produto. Quando começamos, nossa vida foi melhorando. O trabalho com a Na´kau ajudou agregar valor à nossa produção, incluiu o orgânico, conseguimos uma estufa e melhorias. Fizemos curso, aprendemos a fazer a fermentação, melhoramos nossas práticas”, conta “Dona” Lúcia.  

Em outra parte da programação foi realizada uma reunião com o Impact Hub Manaus, responsável pela implementação do Lab de Impacto – um programa dedicado a negócios sustentáveis instalados em estados da Amazônia brasileira que conta com o apoio da USAID, PPA, Alliance Bioversity & CIAT e parceiros da iniciativa privada.

Extrativismo – Os parceiros da Iniciativa da Revitalização da Cadeia da Borracha criaram uma oportunidade de troca de experiências com produtores de comunidades do Lago do Atininga, em Manicoré. 

Nestes locais, foi possível acompanhar algumas fases da produção da borracha – desde a extração do látex – até estruturas locais da cadeia, que tem sido reativada no Sul do Amazonas e valoriza a floresta em pé. O látex é uma substância leitosa retirada por meio de incisões feitas no tronco da seringueira. O processo de manipulação e a produção envolvem atividades com baixo impacto ambiental, sem degradação. 

O projeto de revitalização do extrativismo tem como objetivo retomar a cadeia produtiva da borracha e, ao mesmo tempo, fomentar o desenvolvimento socioambiental, preservando a natureza e fortalecendo comunidades indígenas e tradicionais, com remuneração justa aos seringueiros. É realizado em parceria com Michelin, WWF, Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS) e Memorial Chico Mendes, a PPA e a Alliance Biodiversity & CIAT.

“Estamos muito atentos para fazer a escuta dos seringueiros e das comunidades sempre na perspectiva de garantir que essas pessoas tenham a escolha por uma cadeia produtiva sustentável rentável, do ponto de vista econômico, mas que permita a permanência em seus territórios, que são considerados a coisa mais sagrada que eles têm. Respeitando os modos de vida e a cultura. Queremos que essas famílias tenham oportunidades de escolha”, explica Adevaldo Dias, presidente do Memorial Chico Mendes.

O projeto ainda tem a importante contribuição da Aliança para o Desenvolvimento Sustentável do Sul (ADASSA), na mobilização e articulação com atores locais, e do Coletivo Jovens Comunicadores do Sul do Amazonas (JOCSAM).

“O trabalho que fazemos é todo sobre as pessoas. É sobre fazer a mudança, entender suas vidas, mas sabendo que elas são a principal parte da equação quando falamos de biodiversidade, de conservação e de enfrentar as mudanças climáticas. É incrível você ver algo como os seringueiros que estão transformando a forma de trabalhar o ecossistema e fazendo de uma maneira sustentável, que beneficia a todos e protege a floresta", diz o diretor Mark Carrato, USAID/Brasil.

Mark Carrato, diretor da USAID/Brasil, está agachado ao lado de uma seringueira fazendo extração de látex
 

Para Bruna Mesquita, gerente regional de sustentabilidade da Michelin, um ponto importante na relação com as comunidades é a confiança. "O projeto tem o propósito de resgatar a cadeia. Vamos construir uma relação de confiança, com muita escuta dos seringueiros e aprendizado."

Estímulo às cadeias – Durante a visita ao Amazonas, Carrato se encontrou com o governador do estado, Wilson Lima, e com o secretário de Meio Ambiente, Eduardo Taveira. Na reunião, foram abordados planos de como estimular as cadeias de valor sustentáveis, a bioeconomia e o papel das empresas que fazem parte da Zona Franca de Manaus. 

Também discutiram temas como desenvolvimento econômico e social tendo como base a conservação ambiental e a geração de renda para os povos da floresta. “A parceria com governos locais é muito importante para a USAID. Foi ótimo conversar pessoalmente sobre nossa estratégia para a conservação da biodiversidade e cooperação”, disse o diretor da USAID/Brasil.

As contribuições do setor privado foram reconhecidas como fundamentais no desenvolvimento juntamente com o papel da PPA como plataforma que apoia empresas comprometidas com o fortalecimento dos negócios de impacto e do desenvolvimento territorial.

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